Há cerca de 20 anos, quando eu tive meus primeiros contatos com a cirurgia bariátrica, existia praticamente uma única modalidade de operação que podia ser utilizada para o tratamento da obesidade. Era um procedimento que envolvia uma mudança fisiológica muito significativa no organismo da pessoa.
E, por essa razão, era um procedimento utilizado exclusivamente para aquelas pessoas que tinham obesidade mais grave, para quem a cirurgia era reservada como a “opção salvadora” para quem “não tinha mais jeito”.
Ao nos depararmos com uma pessoa com obesidade leve, sem comorbidades significativas, não se justificava oferecer um procedimento tão impactante, mesmo que aquela pessoa já tivesse passado por todas as modalidades de tratamento não-cirúrgico, envolvendo reeducação alimentar, mudança de estilo de vida e medicamentos para emagrecer, com acompanhamento multiprofissional. Era “muito tratamento” para “pouca doença”.
Atualmente, existe uma opção técnica mais “econômica”, capaz de proporcionar, com pouca manipulação do aparelho digestivo do nosso paciente, um grande auxílio no seu emagrecimento: a gastrectomia vertical (bastante conhecida por sua denominação em inglês: sleeve).
Ao modificarmos exclusivamente a anatomia do estômago, transformando um órgão em forma de bolsa num órgão tubular, sem qualquer mudança na anatomia do intestino, passamos a ter condições de dar acesso à cirurgia bariátrica àqueles pacientes com obesidade menos grave e com menos comorbidades.
Hoje, temos a possibilidade de oferecer aos pacientes um tratamento bastante eficiente, de forma precoce, a fim de prevenir a progressão da obesidade para quadros mais severos.
O sleeve abriu as portas da cirurgia bariátrica para TODO paciente portador de obesidade. Uma excelente forma de oferecer o melhor tratamento possível o mais cedo possível aos nossos pacientes.