A obesidade é uma condição cujo tratamento exige uma abordagem em múltiplas frentes: plano alimentar, atividades físicas, psicoterapia, medicações e o tratamento cirúrgico funcionarão melhor se forem implementados em conjunto.
Mas é inegável: para boa parte dos pacientes que têm obesidade, sobretudo nas formas mais severas, o resultado só virá com a incorporação da cirurgia ao tratamento.
E para aqueles pacientes que, mesmo tendo graus menores, não conseguem ter sucesso após múltiplas tentativas, é muito pouco provável que novas medidas não-cirúrgicas tenham o efeito desejado. Para esses, a cirurgia TAMBÉM deve ser oferecida.
É lamentável que muitos profissionais da saúde que se propõem a tratar a doença, mesmo diante de cenários em que há clara falha da terapia conservadora, ainda fechem os olhos para a cirurgia. E o que é pior: tentam fazer isso desqualificando o método.
O que eu acho interessante é que a própria negativa do tratamento cirúrgico é uma afirmação de sua eficácia…
Quer ver?
Quando uma pessoa portadora de obesidade grave consegue ter um bom resultado com a terapia não-cirúrgica, ela vira logo notícia e exemplo: “Estão vendo? Fulano tinha mais de 100 Kg e conseguiu emagrecer por causa da ‘força’ de vontade!!! Estão vendo? É só querer!”. E a legião de pessoas (em número muito maior) que, tendo a mesma força de vontade, não conseguiram?
Por outro lado, quando uma pessoa se submete à bariátrica e tem um resultado ruim, ela logo é tomada como exemplo de que a cirurgia não funciona. “Olhaí! Operou e voltou a ficar com obesidade.” Mas não se olha para a maioria absoluta de pessoas com obesidade que têm suas vidas transformadas pela operação.
Seria muito bom que todo mundo que sofre com obesidade conseguisse resolver o problema sem passar pela cirurgia. Mas, em muitos casos, na maioria dos casos, ela é necessária.
Fechar os olhos para isso não beneficia os pacientes. Muito pelo contrário…