A cirurgia bariátrica ficou conhecida popularmente pela denominação “cirurgia de redução de estômago”. E, com isso, enraizou-se a ideia de que se trata de um conjunto de procedimentos que têm o objetivo de reduzir o tamanho do estômago para que o paciente coma menos pela simples “falta de espaço”.
Nesse raciocínio, o princípio de funcionamento da cirurgia seria o de impor ao paciente uma reeducação baseada no castigo: quem tenta comer mais do que o que a cirurgia permite, vai passar mal. E, com isso, após algumas “punições”, o paciente passa a comer melhor.
No entanto, sabemos que as operações funcionam por meio de mecanismos bem mais complexos do que a simples restrição à capacidade de ingestão de alimento.
Quando promovemos as mudanças anatômicas no estômago e intestino, nas operações que realizamos, acontecem diversas alterações fisiológicas, caracterizadas sobretudo por modificações na produção de hormônios do nosso tubo digestivo. Essas mudanças hormonais fazem com que a percepção que o nosso paciente tem dos alimentos se modifique e, com isso, que haja a redução no consumo de calorias.
É muito comum que haja uma redução significativa do apetite ao mesmo tempo em que a saciedade (sensação de estar “cheio” após se alimentar) vem com quantidades muito pequenas de alimento. Além disso, essas mudanças hormonais fazem com que preferências alimentares também se alterem, com uma queda no desejo por alimentos ricos em calorias (como doces e alimentos gordurosos) e com o aumento na vontade de consumir alimentos mais saudáveis.
É como se a cirurgia levasse o nosso paciente a um estado de plena adaptação à realidade em que ele vive hoje, caracterizada pela exposição e fácil acesso a alimentos que levam a ganho de peso.
Por isso que, depois que você está operado, não nos preocupamos tanto com a aderência do paciente a dietas: contamos com a grande ajuda da cirurgia. E isso facilita MUITO o trabalho da nutricionista.